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A primeira vez que você escutou o nome da série colombiana "Cumbia Ninja", talvez, tenha lhe parecido estranho a palavra "cumbia"; principalmente combinado com "ninja" para aqueles familiarizados com o ritmo musical. Sim, a cumbia (ou cúmbia) é um estilo musical tradicional da Colômbia e uma dança popular de distintos países da América Latina que falam o castelhano. O Cumbia Ninja Brasil reuniu algumas informações interessantes sobre a história da cumbia e suas variações. Saiba mais:
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Segundo o eHow Brasil, a cumbia se refere a uma dança folclórica indígena colombiana e sua música. Surgiu como uma dança de acasalamento que combinava tambores africanos, danças indígenas e melodias locais. Hoje, a cumbia colombiana representa a dança e música nacionais. O nome se origina da palavra “cumbé” (festa ou celebração) da Guiné Equatorial. A cumbia foi levada para o Caribe e Colômbia pelos africanos durante o século XVII, período colonial espanhol. Uma mistura de influências africanas, indígenas e espanholas ajudou a desenvolver o ritmo e a música cumbia, unindo três componentes culturais em um único estilo.
De acordo com o portal Colombia.com, as características da dança são o resultado de um processo social, no qual o homem ocupa o posto do negro e a mulher o da índia; o traje veio dos espanhóis e, claro, sua influência no comportamento social, formando desta maneira a fusão das três culturas. A cumbia é a prova de todo um processo histórico, desenvolvido durante a colonização, na qual o homem negro teve que lutar contra todos, para poder conquistar a "índia", que resistiu por muito tempo, mas que finalmente cedeu para dar origem aos mulatos e, assim, uma nova geração.
A presença desses elementos culturais pode ser vista da seguinte forma:
- Na instrumentação estão os tambores de origem africana; as maracas, o guache e os instrumentos de sopro (flautas e gaitas de fole) de origem indígena; enquanto os cantos e versos vêm da poesia espanhola, apesar de sofrerem adaptações.
- Presença de movimentos sensuais, nitidamente galantes, sedutores, característicos das danças africanas.
- O vestuário tem características espanholas evidentes: saias longas, rendas, lantejoulas, candongas, enfeites de flores na cabeça e muita maquiagem para as mulheres; camisa e calças brancas, lenços vermelhos em volta do pescoço e chapéu para os homens.
A partir da década de 1940, a cumbia comercial ou moderna se expandiu pelo resto da América Latina, e logo se popularizou em todo o continente com diferentes adaptações comerciais, como a cumbia argentina, a cumbia boliviana, a cumbia chilena, a cumbia mexicana, a cumbia peruana, entre outras. A seguir, destacamos três dessas adaptações:
Cumbia Argentina
A partir de meados do século XX, diversos gêneros tropicais, provenientes do norte da América do Sul, chegaram a Argentina. Entre eles, estava a cumbia. A influência desses ritmos fez com que surgisse no país artistas da "música tropical", gênero que incluía as diferentes variações da cumbia e do cuarteto cordobés (gênero de música popular de Córdoba/Argentina). Durante a década de 1940, com a intensa migração interna, a cumbia foi ganhando popularidade na capital argentina e em seus arredores.
A cumbia argentina se distinguia da original colombiana, já que foi misturada com ritmos locais, como o chamamé e o tango, entre outros. Outra característica particular é a inclusão do flamenco dentro de sua musicalização. Dessa forma surgiram grupos como Chico Novarro e Los Wawancó, os mais representativos desta fusão de gêneros nos anos 1960.
Com o passar do tempo, a cumbia argentina deu origem a subgêneros próprios. Alguns deles são:
- Cumbia Santafesina: desenvolvida durante a década de 1970, teve a incorporação da guitarra como instrumento musical. Destaque para o grupo Los Palmeras;
- Cumbia Norteña: desenvolvida a partir dos anos 1960 nas províncias do norte argentino e tem como instrumento principal o bandoneón (instrumentos de palhetas livres, semelhante a uma concertina);
- Cumbia Villera: desenvolvida no final da década de 1990, nos bairros da periferia da Grande Buenos Aires. Destaca-se por conter letras urbanas que abordam temas como sexo, drogas, álcool e delinquência, com uma linguagem direta e, muitas vezes, "suja". Baixo, teclados e güiro são os principais instrumentos.
Cumbia Mexicana
Entre 1940 e o final de 1950, predominava no México ritmos cubanos, como o mambo, a rumba, o guaguancó e outros que obtinham sucesso e difusão graças ao cinema mexicano da época, da mesma maneira que a "música tropical" monopolizava a discografia nacional. Mas a situação começou a ganhar novas formas quando o cantor colombiano Luis Carlos Meyer conheceu o mexicano Rafael de Paz, da região de Chiapas. Juntos, eles começaram a gravar diversos tipos de ritmos, entre eles várias cumbias e porros. Para conseguir se destacar, tiveram que acrescentar diversos instrumentos metálicos de sopro, como as trompetas, principalmente, derivados da música cubana. Foi então que esses músicos realizaram uma das primeiras fusões da cumbia, para dar início ao que mais tarde seria conhecido como cumbia mexicana.
Assim como aconteceu na Argentina, e em todos os países onde a cumbia foi bem difundida, a cumbia mexicana deu origem aos seus próprios subgêneros. Alguns deles são:
- Cumbia Andina Mexicana: fusão direta e derivada da cumbia colombiana e do folclore musical andino sul-americano, de países como Argentina, Chile, Peru, Equador e Bolívia, acoplado à cumbia mexicana, em diferentes graus. As principais influências herdadas desses países é o Huayno e a Saya, que, por sua vez, varia em cada região da América do Sul.
- Cumbia del Sureste ou Chunchaca: protagonizado na região sudeste do país, no qual predomina o uso de saxofones e sintetizadores, principalmente como marcadores de compasso, mesmo que, às vezes, se destaquem os trompetes e a harpa.
- Tecnocumbia: é uma variação da cumbia mexicana e da technobanda, popularizada por diversos grupos do país entre a década de 1980 e 1990. É uma diversificação derivada do uso de instrumentos eletrônicos, entre os quais figuram sintetizadores e bateria eletrônica, principalmente. Destaque para Selena e Los Dinos.
Cumbia Peruana
A cumbia peruana, popularmente conhecida como Chicha desde sua consolidação, é um subgênero musical do Peru resultante da fusão da cumbia colombiana, do rock psicodélico, do rock e de ritmos nativos dos Andes e Amazônia do Peru. Existe várias versões de suas origens, mas o nascimento da Chicha pode ser considerado a partir do surgimento no mercado peruano do virtuoso guitarrista Enrique Delgado, que misturou a cumbia com ritmos como a guaracha e com toques do rock psicodélico, que predominava no final da década de 60, no Peru. O novo gênero foi recheado com diversas influências e cantos da música andina.
O estilo de "cumbia com guitarra" não era novidade (quase paralelamente foi utilizada na cumbia colombiana, argentina e mexicana), mas é o que prevalece até hoje como selo das gravações peruanas, que se misturam com as tendências de cumbia provenientes de outros países.
Dentre as variações de subgêneros próprios, podemos destacar:
- Cumbia de la Selva: predominante em Loreto, Amazonas, San Martín, Ucayali, Huánuco e Madre de Dios (todas cidades peruanas) e altamente influenciada pela música brasileira, a ponto de muitos grupos ter canções em português.
- Cumbia Romântica: é uma tendência atual que se aproxima de gêneros como a balada ou a salsa romântica. Como exemplo, temos o músico peruano Estanis Mongollón.
- Cumbia Sureña: predominante em Puno, Tacna, Arequipa e Moguegua, além de grande aceitação em Arica, Iquique, Calama, Antofagasta e na zona andina da Bolívia. Com instrumentação completamente eletrônica.
A cumbia é considerada como mãe de muitos ritmos, por exemplo, o porro, a gaita, a chalupa, o bullerengue, o garabato, o chandé, a tambora, o berroche, o paseo, o son, a puya, etc. Apesar das diversas modificações que o gênero sofreu durante todos os anos desde sua origem, muitas pessoas ainda se dedicam a preservar a cumbia clássica, assim como é variada a gama de executantes que buscam melhorá-lo e adaptá-lo aos dias de hoje. O colombiano Yerba Brava, o peruano Grupo Néctar e os argentinos Amar Azul e Kumbia Kings, além dos outros artistas citados nesta publicação, são nomes conhecidos no universo da cumbia.
Ricardo Abarca, Hache em "Cumbia Ninja" (Reprodução)
Em Cumbia Ninja, podemos notar que a cumbia propriamente dita não está muito evidente (alguns poderão dizer que nem existe). Mas não é bem assim! A série da FOX se passa em um bairro da periferia da Colômbia e foca em personagens que lutam contra o narcotráfico e a violência, utilizando a música como principal arma de defesa. Da mesma forma, a cumbia é um ritmo popular tradicional da Colômbia, desenvolvido durante o período colonial, em que escravos africanos e indígenas celebravam certos feriados e ocasiões especiais. Percebeu alguma semelhança?
Tanto na história de Cumbia Ninja quanto na história do gênero musical, a música colombiana é utilizada como forma de se libertar da opressão social a qual seus envolvidos estão inseridos. Na série protagonizada por Ricardo Abarca e Brenda Asnicar, a banda "Cumbia Ninja" canta suas letras em forma de rap, mas, constantemente, mistura elementos de outros ritmos, como reggaeton, salsa, variações da própria cumbia e, inclusive, toques orientais (como sugere o termo "ninja"), entre outros.
Nas adaptações para o Brasil, como vimos na entrevista com Lelê Fegom, as canções receberam um tratamento especial, com direito a samba, cuíca, cavaquinho e pandeiro. "Tudo para deixar as canções mais palpáveis por aqui", já que não somos tão familiarizados com a cultura colombiana.
Nós, do Cumbia Ninja Brasil, estamos gostando do resultado. E você? Compartilhe suas experiências conosco, não apenas sobre as canções de Cumbia Ninja, mas também sobre o gênero musical que nomeia a série. Você já conhecia a cumbia? Gosta de cumbia? Quais seus artistas preferidos deste ritmo? Queremos saber tudo!
Para saber mais sobre a "cumbia", utilize nossas referências desta publicação:
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